29 de março de 2009

Amiga, Amada....



Assim aos poucos vai sendo levada
A tua Amiga, a tua Amada!
E assim de longe ouvirás a cantiga
Da tua Amada, da tua Amiga.
Abrem-se os olhos e é de sombra, a estrada
Para chegar-se à Amiga, à Amada!

Fechem-se os olhos e eis a estrada antiga
A que levaria à Amiga, à Amada.
(Se me encontrares novamente), nada te faça
Esquecer a Amiga, a Amada!


Se te encontrar, pode ser que eu consiga
Ser para sempre a Amada a Amiga.
E assim aos poucos vai sendo levada
A tua amiga, a tua amada!


E talvez uma estrelinha siga
A tua Amada, a tua Amiga.
Para muito longe vai sendo levada,
Desfigurada e transfigurada.
Sem que ela mesma já não consiga
Dizer que era a tua profunda Amiga.
Sem que possa ouvir o que tua alma brade:
Que era a tua Amiga e que era a tua Amada.


Ah! Do que te disse nada mais se diga.
Vai-se a tua Amada -> vai-se a tua Amiga!
Ah! Do que era tanto, não resta mais nada...
Mas houve essa Amiga! Mas houve essa Amada!

Cecilia Meireles